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Como ter uma mente mais criativa? Veja o que dizem os especialistas

 Criatividade é um conceito com diferentes significados. Para alguns, ser criativo significa ter ideias revolucionárias que solucionam problemas. Para outros, pode ser a capacidade de criar ou imaginar algo nunca visto antes. Seja qual for a definição que mais faz sentido para você, fato é que o exercício da criatividade é um importante aliado do bem-estar.

Diferente do que estudiosos do tema já chegaram a acreditar, a criatividade não é um presente divino ou dom. Trata-se, na verdade, de uma habilidade, que pode ser praticada, aprimorada e desenvolvida por qualquer pessoa. “Acreditar que a criatividade é um dom pressupõe um predomínio de aspectos meramente biológicos”, diz Patrícia Schelini, psicóloga e docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “Mas hoje sabemos que o meio e as condições também são importantes para o despertar criativo.”

Para a especialista, ao pensar ‘fora da caixa’, fica mais fácil encontrar caminhos para resolver dificuldades do cotidiano. Uma mente criativa é capaz de descobrir novas maneiras de enfrentar questões familiares, de superar dificuldades de relacionamento e até mesmo de desenvolver aspectos da vida profissional. Tudo isso, conforme explica a psicóloga, corrobora para uma maior sensação de bem-estar. “Muitas vezes não conseguimos solucionar problemas copiando algo que já foi feito. É necessário pensar de uma forma diferente”, explica Patricia.

O ambiente foi fundamental para a escritora Thais Gurgel, que potencializou suas habilidades criativas durante um retiro. O objetivo era viver uma experiência em sua própria companhia, porém, quando conheceu o retiro A Arte de Viver – inspirado no livro O Caminho do Artista, de Julia Cameron –, percebeu que além de um momento de autocuidado essa vivência também traria benefícios para sua vida profissional.

“Foi o primeiro retiro que eu fiz. Lendo a descrição, achei a minha cara”, diz. “Era um fim de semana em contato com a natureza e com várias atividades que ajudariam a despertar a criatividade. Como sou escritora, achei que ia me ajudar bastante. E de fato ajudou”, conta ela, que mergulhou nessa experiência em setembro de 2021.

As atividades incluíam pintura, desenho, música, dança, escrita, fotografia, aromaterapia e rodas de conversa. Todas realizadas com o objetivo de despertar o potencial criativo de cada pessoa. E o resultado foi bastante positivo. “Eu sinto que o retiro foi importante para eu poder descansar e ter trocas com outras pessoas, o que, com certeza, me ajudou a escrever com mais leveza e ter melhores ideias”, explica.

Ter ideias criativas pode ser resultado de um ambiente favorável, como no caso da escritora Thaís, de aspectos da personalidade e até mesmo de certas habilidades cognitivas. No entanto, é comum para todas essas situações o aparecimento de uma cascata de eventos na mente, que é responsável por impulsionar a criatividade.

“Os estudos mais recentes mostram que existem duas redes neurais envolvidas no processo criativo”, diz Antônio Jaeger, doutor em psicologia e docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele explica que a criatividade é resultado da interação entre um área do cérebro chamada rede neural padrão com outra denominada córtex pré-frontal.

A rede neural padrão fica mais ativa em momentos que o cérebro está em repouso e menos focado no mundo exterior, mas continua em vigília. “Como quando estamos pensando de forma distraída no que fizemos mais cedo, no que vamos fazer mais tarde, no que vamos jantar e em várias outras memórias”, descreve. Já o córtex pré-frontal vai ser responsável por filtrar essas ideias, como uma central de controle. “Ele vai ser o juiz, vai mediar e julgar os pensamentos que fazem sentido ou não.”

Esse é o processo de ter novas ideais. “E fazemos isso com frequência, é uma função humana bastante comum”, afirma o especialista. “A diferença é que, quando acertamos em cheio e temos uma ideia considerada inovadora, chamamos de criatividade. Mas a verdade é que estamos tendo novas ideias o tempo inteiro.”

Ter ideias criativas fez parte da rotina do publicitário aposentado Appio Ribeiro por mais de duas décadas. Para continuar exercendo essa habilidade, ele decidiu inscrever-se no curso ‘Criativa Idade’, realizado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), com coordenação e idealização da professora Jane Barreto.

A proposta do curso é mostrar que idade não é fator limitante para mentes criativas. Por meio de atividades envolvendo músicas, jogos eletrônicos, oficinas de teatro e fotografia, os participantes – todos com mais de 60 anos – podem desenvolver novas competências e habilidades. E foi isso que chamou a atenção de Appio, que garante os benefícios de poder continuar exercendo sua criatividade.

“Eu sou um cara muito irrequieto, não consigo ficar muito tempo fazendo a mesma coisa”, revela. “Por isso que o curso fez tão bem para mim”, diz. “Acredito que uma mente criativa é o que faz a pessoa não envelhecer. E eu quero continuar aprendendo e fazendo diferente daquilo que já fiz. E pude fazer tudo isso no curso Criativa Idade.”

Para Jane, estar há 8 anos liderando a iniciativa é uma oportunidade para testemunhar a mudança em seus alunos, que acabam levando a criatividade para vida cotidiana. “Percebo a mudança de olhar, de pensamento e atitudes”, diz. “Eles passam a olhar com outras lentes para si mesmo, para o outro e para o mundo através da aula de fotografia e colocam-se diante do outro com maior segurança a partir das aula de teatro”, explica.

Ter uma mente criativa é algo que pode ser conseguido com treino Foto: Unsplash.com

Assim como para escritora Thaís e o publicitário Appio, exercer a criatividade pode trazer muitos benefícios e existem caminhos para ‘treinar’ a mente para que ela seja mais criativa. De acordo com Marta Simone, coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e especialista em criatividade, o primeiro passo para despertar o potencial criativo está nas ações do cotidiano. “É quase como uma escolha por um estilo de vida mais criativo”, diz. “Escolher realizar atividades do dia a dia de um modo diferente ou não convencional é importante para exercitar a criatividade.”

Tente caminhos diferentes para chegar ao trabalho, comece a olhar os objetos e pensar em outras utilidades para eles e imagine como resolveria situações hipotéticas. “E se não houvesse mais cadeiras no mundo? Como seria?”, sugere.

Feitos com consciência e consistência, esses exercícios podem tornar a mente mais criativa. É quase como uma preparação para que, em determinadas situações, fique mais fácil de encontrar soluções criativas para resolução de problemas ou conflitos.

Resgatar o espírito de criança também pode ajudar. Segundo a especialista, mesmo na vida adulta, é importante separar um momento para brincar – pode ser por meio de atividades esportivas sem competições ou jogos, como os de tabuleiro, de imaginação e de cartas. “Essas atividades lúdicas trabalham áreas do cérebro que a gente não trabalha por achar que ser adulto é ser uma pessoa séria”, diz. “Mas a gente esquece que brincar também é coisa séria e essencial para a criatividade”, pondera.

Junto com o resgate do lúdico, é importante deixar de lado o medo do julgamento – assim como fazem as crianças, mesmo que de forma inconsciente. “Ao longo da vida, criamos barreiras para a criatividade que as crianças não têm. E o medo do olhar do outro é uma delas”, afirma. “Por isso é importante evitar os julgamentos e deixar de lado o medo do que vão pensar. Ninguém nunca criou nada criativo sem errar antes. Não tem criatividade sem erro”, diz.

Até mesmo os momentos de ócio podem ser importantes para potencializar as habilidades criativas. Quando não fazemos nada, é possível relaxar a mente para que novas ideias surjam. A especialista explica que uma mente cansada e em um ambiente de cobranças tem menores chances de ter ideias criativas. Exemplo disso é que muitas pessoas costumam ter boas ideias durante o banho.

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