Pular para o conteúdo principal

A CIÊNCIA DO EQUILIBRIO - FINAL


O roqueiro alemão Kalau certamente foi tratado por um mestre de Qigong. Os chineses, dizem os mestres dessa espécie de massagem sem força mecânica, aprendem a acumular energia, a fim de passá-la, através das mãos, para o corpo da pessoa doente ou com dor. Atualmente, o Qigong já é ensinado nas faculdades de Medicina tradicional da China, mas durante muito tempo os seus segredos eram passados de mestre para discípulo, como uma iniciação da qual, aliás, as mulheres estavam excluídas. Até hoje, só 20 por cento dos massagistas de Qigong têm formação médica.
É o caso de Kong Li Chi, ex-médico de várias seleções olímpicas chinesas, que veio ao Brasil em maio último. O Qigong faz parte de sua vida desde a infância, quando observava o avô materno exercitar-se. "Ainda treino de uma a duas horas por dia", conta ele, aos 44 anos. Quem o vê nesses momentos tem a impressão de que está apenas fazendo leves movimentos circulares com os braços. Mas a aparência engana: ao tocá-lo, nota-se que emprega toda a sua força muscular nesses movimentos. Para manter a energia que capta com esses exercícios, um mestre de Qigong não pode fumar nem beber, deve dormir no mínimo oito horas por dia e, se adoecer, mesmo que se trate de um reles resfriado, não pode fazer a massagem, porque deve passar uma energia absolutamente saudável para os outros.
A existência dessa energia já foi registrada por aparelhos sofisticados como os de ressonância magnética, que utilizam ímãs poderosos para obter imagens do organismo. A Academia de Ciências da China compara a energia do Qigong à radiação infravermelha de baixa freqüência. Tamanho é o prestígio do Qigong ali que as grandes estrelas do esporte chinês têm um massagista dessa técnica em sua equipe. Pois se acredita que o Qigong não só resolve problemas como distensões e torções mas também elimina dores e dá energia extra para o atleta competir.
Nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, Kong foi massagista do ginasta chinês Li Ning. Talvez não por acaso, Li conquistou três medalhas de ouro e uma de prata, sendo chamado pela imprensa americana de "a torre de força". Outras massagens orientais diferem do Qigong por não transferir a energia de uma pessoa para outra e sim desbloquear a própria energia: e o caso do Shiatsu e do Do-in - este, uma automassagem -, já bastante difundidos no Ocidente. Essas massagens são feitas sobre os meridianos, os canais por onde, segundo os chineses, passa a energia do corpo.
Existem catorze meridianos principais. Quando a energia se desequilibra ou fica bloqueada em um deles, então adoecem os seus órgãos correspondentes. Os chineses acreditam que a aplicação de calor sobre determinados pontos dos meridianos pode fazer tudo voltar ao normal, por isso queimam bolas de ervas compactadas, chamadas moxas, sobre a pele. Mas, em geral, os pacientes preferem as célebres agulhas da acupuntura. Os médicos ocidentais sabem até por que a acupuntura funciona em casos de dor, pois constataram que ela ajuda o cérebro a liberar endorfina, o analgésico natural do organismo.
"Associadas a pequenos estímulos elétricos, durante meia hora, as agulhas permitem que uma mulher suporte uma cesariana", informa o médico Jou Eel Jia. O médico paulista Júlio Abramczyk conta, impressionado, que num congresso internacional de Cardiologia, em Washington, há dois anos, os chineses relataram um estudo sobre mil casos de cirurgia de troca de válvulas cardíacas. Em todos eles, sem exceção, a única anestesia usada foi a acupuntura.
Mas ainda não está claro para os ocidentais se e como as agulhas funcionam em casos que não envolvem dor. Não se sabe, por exemplo, por que uma agulha espetada no pulso cura bronquite. Para os chineses, esse é um falso problema: a resposta, como sempre, está no Yin e Yang, os dois pólos da energia vital, postos em equilíbrio no ponto do pulso correspondente ao pulmão. "Da mesma forma como posso provocar a produção de endorfinas, posso estimular a produção de qualquer hormônio", desafia Jou. Ele conta que, certa vez, trabalhando no ambulatório de um hospital em São Paulo, espetou duas agulhas numa mulher que não tinha leite para o filho recém-nascido. "Vinte minutos depois, os seios começaram a inchar e liberar leite. As agulhas só fizeram estimular a produção do hormônio prolactina."
Desde a recente abertura chinesa para o mundo, os próprios orientais passaram a buscar explicações para a sua Medicina nos conceitos da Medicina convencional do Ocidente. Da mesma forma, nos Estados Unidos, França e Alemanha, uma batelada de pesquisas ainda não concluídas trata de observar as alegadas maravilhas da Medicina chinesa com olhos ocidentais. Uma grande preocupação dos cientistas é separar nitidamente técnicas médicas de eficiência comprovada (embora sustentadas em teorias algo nebulosas) da simples charlatanice, como a que se pratica em certos consultórios de fundo de quintal, a título de Medicina chinesa.


Energia no computador

Pode a Informática ter alguma utilidade para a milenar Medicina oriental? O fisiologista Marco Aurélio Dornelles, da Unicamp, acha que sim. Tanto que resolveu criar um programa de computador, que está sendo usado experimentalmente, capaz de analisar a energia em cada meridiano do paciente. A inspiração surgiu no Japão, onde Dornelles estagiou após ter estudado Medicina tradicional na China. Foram cientistas japoneses que, em meados da década de 50, provaram que existe uma variação na eletrocondutividade da pele - coincidência ou não, ela é maior justamente nos pontos de acupuntura identificados pelos antigos chineses.
A descoberta dos japoneses permitiu avaliar a energia dos meridianos com um aparelho simples: um medidor de microampères ligado a dois eletrodos - um na mão do paciente e outro, com forma de martelo, que encosta nos pontos. Dornelles usa esse equipamento para medir 24 pontos nas mãos e nos pés, selecionados como chaves para se ter uma idéia geral do estado de saúde do organismo. O valor de cada ponto é teclado no computador, que então calcula o valor geral médio. "Não importa se a média é alta ou baixa", explica Dornelles, "mas todos os pontos devem estar dentro dela." Se isso não acontece, o programa indica com precisão que pontos devem ser sedados ou tonificados. "Isso não substitui a percepção do médico", diz Dornelles, "mas sem dúvida é um importante instrumento de diagnóstico."

Comentários

Postagens Mais Lidas

Chave de Ativação do Nero 8

1K22-0867-0795-66M4-5754-6929-64KM 4C01-K0A2-98M1-25M9-KC67-E276-63K5 EC06-206A-99K5-2527-940M-3227-K7XK 9C00-E0A2-98K1-294K-06XC-MX2C-X988 4C04-5032-9953-2A16-09E3-KC8M-5C80 EC05-E087-9964-2703-05E2-88XA-51EE Elas devem ser inseridas da seguinte maneira: 1 Abra o control center (Inicial/Programas/Nero 8/Nero Toolkit/Nero controlcenter) nunca deixe ele atualizar nada!  2 Clic em: Licença  3 Clica na licença que já esta lá dentro e em remover  4 Clica em adcionar  5 Copie e cole a primeira licença que postei acima e repita com as outras 5

Faça cópia de segurança de suas mensagens de e-mail

Em casa e no trabalho, o correio eletrônico é uma das mais importantes aplicações usadas no cotidiano de quem está conectado à internet.Os dados contidos nas mensagens de e-mail e os contatos armazenados em seus arquivos constituem um acervo valioso, contendo o histórico de transações comerciais e pessoais ao longo do tempo. Cuidar dos arquivos criados pelos programas de e-mail é uma tarefa muito importante e fazer cópias de segurança desses dados é fundamental. Já pensou perder sua caixa de entrada ou e-mails importantes?Algum problema que obrigue a formatação do disco rígido ou uma simples troca de máquina são duas situações que tornam essencial poder recuperar tais informações.Nessas duas situações, o usuário precisa copiar determinados arquivos criados por esses programas para um disquete, CD ou outro micro da rede. Acontece que esses arquivos não são fáceis de achar e, em alguns casos, estão espalhados por pastas diversas.Se o usuário mantém várias contas de e-mail, a complexidade...

Papel de Parede 4K

Como funciona o pensamento conceitual

O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage (associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras: • um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um ser, referindo-se a esse ser e somente a ele; • um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a compreensão intelectual delas; • um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento; • um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem organizam a experiência nela mesma, mas, p...

literatura Canadense

Em seus primórdios, a literatura canadense, em inglês e em francês, buscou narrar a luta dos colonizadores em uma região inóspita. Ao longo do século XX, a industrialização do país e a evolução da sociedade canadense levaram ao aparecimento de uma literatura mais ligada às grandes correntes internacionais. Literatura em língua inglesa. As primeiras obras literárias produzidas no Canadá foram os relatos de exploradores, viajantes e oficiais britânicos, que registravam em cartas, diários e documentos suas impressões sobre as terras da região da Nova Escócia. Frances Brooke, esposa de um capelão, escreveu o primeiro romance em inglês cuja ação transcorre no Canadá, History of Emily Montague (1769). As difíceis condições de vida e a decepção dos colonizadores com um ambiente inóspito, frio e selvagem foram descritas por Susanna Strickland Moodie em Roughing It in the Bush (1852; Dura vida no mato). John Richardson combinou história e romance de aventura em Wacousta (1832), inspirada na re...

Wallpaper 4K (3000x2000)