Por mais que alguns desses modelos, como Corolla e o próprio ZR-V, não pareçam compactos nas ruas brasileiras, no mercado americano eles disputam espaço com veículos muito maiores. Para se ter uma ideia, o veículo mais vendido no país é a Ford F-150 - uma picape gigantesca em comparação com os carros que rodam pelo Brasil.
O fenômeno de trazer para o Brasil modelos de entrada como carro "caro" não se limita a uma marca específica, abrangendo diversos fabricantes. Veículos que seriam considerados opções acessíveis nos EUA chegam ao Brasil com etiquetas de preço que rivalizam com veículos de categorias superiores. Os especialistas do setor automotivo atribuem essa discrepância a uma série de fatores, como impostos, tarifas e taxa de câmbio.
De acordo com Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, a taxa de câmbio, imposto e custo de produção justificam a diferença de posicionamento. No entanto, segundo ele, há um pouco de preferência do mercado também.
"O Corolla pode ser a mesma 'casca', mas o vendido aqui é bem mais luxuoso do que o comercializado nos EUA. Lá, são carros de entrada e de locadora, com interior simples, enquanto aqui são veículos aspiracionais e bem mais caros do que os nossos automóveis de entrada: Kwid e Mobi", explica.
Na prática, a solução encontrada pelas montadoras para atender o público brasileiro em termos de preço e preferências de mercado é mesclar o exterior dos modelos de entrada em outros mercados com o "recheio" dos carros mais caros.
Para rentabilizar, agregar valor e fazer com que os consumidores topem pagar mais pelo mesmo carro, são incluídos equipamentos como piloto automático, câmera de ré e assistentes de condução semiautônoma, como alerta de ponto cego, frenagem de emergência e alerta de permanência em faixa. Em alguns casos, até o conjunto motor e suspensão são diferentes.
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