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Estudo explica por que, ao morrer, pessoas veem memórias vívidas

 Historicamente, a morte de alguém é descrita como o momento em que o coração para de bater de maneira irreversível. O conceito faz sentido, já que sem a nutrição e a oxigenação do sangue, órgãos deixam de funcionar. Estudos recentes têm sugerido, contudo, que mesmo após a parada cardíaca, o cérebro continua funcionando por alguns segundos e isso poderia explicar o fenômeno de ver a vida passando como um filme diante dos olhos.

O relato é comum entre pessoas que passaram por experiências de quase-morte ou que foram ressuscitadas. Por muito tempo, questionou-se se essa poderia ser uma pseudomemória, fruto de uma crença popular, ou se os episódios eram mesmo reais. Um artigo científico publicado nesta segunda feira, 1º, na PNAS, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, sugere que esse evento pode ter uma explicação fisiológica. 

O estudo acompanhou quatro pacientes que estavam em coma ou em suporte de vida, sem chance de sobreviver. Neles, os cientistas colocaram capacetes de eletroencefalografia, para registrar a atividade cerebral antes e depois da remoção dos respiradores artificiais. Em dois desses pacientes, logo após a remoção dos ventiladores, enquanto o coração parava de bater, o cérebro acendeu com ondas de alta frequência chamadas de gama

Esse tipo de onda cerebral aparece durante os sonhos, durante o aprendizado ou durante a recuperação de memórias em pessoas saudáveis. Embora a explicação de como funciona a interface entre a atividade cerebral e a experiência subjetiva de consciência ainda seja um mistério para a ciência, essa observação pode sugerir um possível estado de recordações, logo antes da morte definitiva. Um trabalho do mesmo grupo, publicado há um ano, já tinha mostrado algo semelhante ao monitorar um paciente que tinha convulsões frequentes e sofreu um ataque cardíaco. 

O achado é importante para ajudar na melhor compreensão do que é a consciência e do que é a morte. Estudos posteriores com um número maior de pacientes poderão explicar melhor como esse processo ocorre e por que apenas algumas pessoas passam por essa experiência. 


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