Conversa vai, conversa vem, o martelo foi finalmente batido: a próxima peça a ser encenada no presídio será Peter Pan e o Capitão Gancho Talkey. Baseada nos personagens criados pelo dramaturgo escocês J. M. Barrie, a adaptação mostrará um Peter Pan que se recusa a crescer e vive em confronto com o vilão Capitão Gancho Talkey, que é negacionista, mas tão negacionista, que nega até a felicidade alheia, empenhando-se para que todas as crianças sejam eternamente tristes. Uma das missões de Peter Pan e sua amiga Wendy é localizar as guloseimas que o capitão esconde das crianças. A estreia da peça ocorrerá no dia 26 de junho e seu público será composto basicamente pelos familiares dos detentos da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, conhecida por Tremembé II, localizada no interior de São Paulo.
As alusões à realidade brasileira estão por toda a peça. Os chocolates escondidos são as vacinas infantis contra o coronavírus, e todo mundo sabe quem é o capitão do enredo, mas tudo precisa ser alegre, bem-humorado. “Devido à polarização entre Bolsonaro e Lula, assim como lá fora, aqui também a política é uma questão complexa de abordar”, diz Gil Rugai, de 39 anos, diretor, cenógrafo e figurinista da peça, aparentemente alheio às evidentes críticas políticas da adaptação. “Pensa assim: a pessoa passa semanas, até meses por causa da pandemia, sem ver a mulher e os filhos. Então, quando eles estão aqui, temos que propor algo convidativo, não pode ser um assunto pesado.”
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