A extrema direita brasileira está acossada pelos escândalos do governo Jair Bolsonaro e a “nova direita” é ameaçada pelas ações e manifestações absurdas de prováveis herdeiros de Bolsonaro, os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), que não preenchem o vácuo de uma direita mais arejada, preparada e, claro, não golpista.
Mauro Cid é tenente-coronel da ativa do Exército. Anderson Torres, delegado de carreira da Polícia Federal (PF). Silvinei Vasques foi da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de 1995 até o ano passado. Os três foram presos por armações contra as eleições, boas práticas da administração pública e a própria democracia. São provas vivas do quanto Bolsonaro corrompeu as instituições e as forças que são armadas.
Ele tratou de salvar a própria pele, deixando para subordinados indícios e provas. Cid com Rolex e estojos de joias, atestados falsos de vacina, vazamento de inquéritos da PF, mensagens e até uma minuta de intervenção no TSE. Torres é suspeito de golpe, tanto no Ministério da Justiça quanto, depois, na Secretaria de Segurança Pública do DF. E Vasques usou a PRF para impedir o voto de petistas em 2022.
Sem falar dos generais do Planalto na era Bolsonaro, o general da ativa que virou piada no Mistério da Saúde e em palanque político, Roberto Jefferson com fuzis e granadas e a deputada Carla Zambelli correndo de revólver em punho pelas ruas e contratando um hacker contra as urnas eletrônicas. Hacker, aliás, ouvido pelo Ministério da Defesa.
Se a direita bolsonarista vai ladeira abaixo, o que dizer da “nova direita”? Zema chocou com uma entrevista ao Estadão, ao se referir ao Nordeste como “uma vaquinha que produz pouco” e atiçar o Sul e Sudeste, ricos, contra o Nordeste, pobre. E Tarcísio se atrapalhou ao tratar das 16 mortes em ações policiais no Guarujá e tem projetos espantosos para a educação.
Segundo a repórter Renata Cafardo, o governo paulista tentou acabar com livros impressos na rede pública, usar diretores contra professores e instalar app em celulares de professores e alunos, sem avisar. A ideia de digitalizar 100% caiu, mas o governo trocou 10 milhões de livros didáticos do MEC por livros para chamar de seus (e impor sua ideologia?) Na versão oficial, tudo foi por “engano”, mas o secretário de Educação, Renato Feder, é sócio de uma empresa da área... digital.
A era Bolsonaro borbulha, a pós-Bolsonaro ferve, com Zema e Tarcísio, e a direita parlamentar (Centrão) aproxima-se de Lula. Irritado, Tarcísio ameaça sair do Republicamos. Pode ser bom para ele e para o partido.
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