É o fenômeno da aclimatação que ajuda a explicar porque aquele amigo europeu passando férias sente muito mais calor, ou porque jogadores de futebol precisam passar vários dias em elevadas altitudes antes de um jogo em La Paz, situada a 3600 metros acima do nível do mar: o corpo precisa de um tempo para acostumar. Afinal, esse processo não é instantâneo e a capacidade de adaptação também depende da intensidade e duração da exposição. Qualquer progresso também é "perdido" quando as condições ambientais mudam, já que o organismo sempre busca o mínimo de estresse possível, se adaptando de novo às novas condições.
Seria a capacidade de aclimatar a chave para lidarmos com a emergência climática? Com certeza essa habilidade será importante, mas o tempo necessário para se adaptar às mudanças é um grande fator limitante em um cenário de emergência climática, em que eventos extremos estão cada vez mais comuns e ondas de calor duram alguns dias para depois serem substituídas por grandes tempestades.
No mesmo país, vemos a região Norte lidar com a maior seca em 40 anos, ao mesmo tempo que o Sul enfrenta chuvas monstruosas e até um meteo-tsunami.
Por mais que essas condições extremas estejam sendo favorecidas pelo El Niño (fenômeno que ocorre a cada 5 ou 7 anos e caracteriza-se pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico equatorial), é importante lembrar que ele não é o único culpado. O Oceano Atlântico também está atingindo recordes de temperatura, como esperado num planeta que está aquecendo como um todo por conta da ação humana.
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