Um novo passo na direção da cura do câncer é dado, em 2000, pelo pesquisador Richard Hynes, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Ele anuncia a descoberta de um dos genes que governam o mecanismo da metástase, que é a característica mais importante e mais perigosa do câncer. É por meio da metástase que as células
malignas, depois de crescer em um certo órgão, migram pelos vasos sanguíneos para outras partes do organismo, gerando um novo tumor. Hynes e sua equipe demonstram que, quando as células doentes se separam do tumor original, sempre é acionado um gene, batizado de rhoC.
Ele é acionado novamente quando elas chegam a outro órgão e
recomeçam a proliferar. Rynes acredita que seu achado ajuda a controlar a disseminação do câncer e que, se isso acontecer, será possível reduzir em 90% o número de mortes causadas pela doença.
Outro marco no estudo dos mecanismos genéticos que controlam a doença é alcançado em 1999 por outro grupo do MIT: eles transformam células sadias em malignas.
Para isso, combinam diferentes genes responsáveis pela desordem que produz o crescimento celular exagerado. Assim, criam tumores em células humanas da pele e dos rins e os aplicam em camundongos. O objetivo é descobrir detalhes do mecanismo da doença e pesquisar medicamentos mais eficazes.
Em 2000 surgem também dois novos tratamentos experimentais que prometem controlar alguns tipos de câncer. A droga STI-571, testada na Universidade de Ciências da Saúde de Oregon, reduz em quase 90% as células malignas da leucemia miologênica crônica. O outro remédio, o Onyx-015, eficaz contra inúmeros tumores, é um vírus benigno
que, dentro do organismo, só ataca células cancerosas. Em média, ele reduz os tumores em 50% do tamanho original e, em metade dos casos, os elimina totalmente.São promissoras também as pesquisas para a criação das chamadas drogas antiangiogênicas, que cortam o suprimento de sangue para o tumor, matando-o de fome.
Laboratórios norte-americanos e europeus investigaram cerca de 15 substâncias que realizam essa proeza. Um dos tratamentos que apresentam melhores resultados é anunciado em 1998 pelo norte-americano Judah Folkman, do Hospital Infantil de Boston. O oncologista cura cobaias graças à combinação de duas proteínas retiradas do
organismo dos próprios animais. A primeira, chamada angiostatina, impede a formação de vasos sanguíneos que fornecem nutrientes ao tumor. A segunda, endostatina, dificulta a passagem de sangue pelos vasos. Aplicadas em conjunto, as drogas fazem os tumores regredir. Apesar desses bons resultados, porém, estudos feitos em 2002 por Robert Kerbel, da Universidade de Toronto, sugerem que os tumores nos quais o gene p53 está alterado (o que responde a quase 50% dos cânceres) podem ser capazes de resistir à falta de oxigênio causada pela diminuição de vasos sanguíneos.
Os estudos de antiangiogênese explodiram em 2003, e, em junho desse ano, já havia mais de 60 substâncias diferentes capazes de privar o câncer de nutrientes e oxigênio. Elas se mostraram especialmente eficientes contra o câncer de cólon (ou intestino grosso), um dos mais perigosos e mais comuns no mundo todo, atualmente. Algumas delas,
segundo os especialistas, poderão estar nas farmácias já em 2004.
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