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Cerimônia do Chá

INTRODUÇÃO

A Cerimônia do chá é um tradicional ritual  japonês, ao mesmo tempo estético, religioso e filosófico que consiste em servir chá aos convidados. A cerimônia do chá  chado, a via do chá ou chanoyu (água quente para o chá)  só existe no Japão e ocupa um lugar importante na arte local sendo, às vezes, tida como a quintessência da identidade nacional japonesa.


HISTÓRICO

No século VIII, o chá foi levado para o Japão por monges budistas  que o utilizavam para não adormecer durante a meditação. O ritual do chá apareceu nos mosteiros zen no século XII. Segundo a lenda, Bodhidharma, patriarca zen, teria cortado as próprias pálpebras após haver adormecido meditando. Das pálpebras teriam surgido as primeiras plantas de chá. Os monges zen introduziram-na nos rituais dedicados a Bodhidharma. Como as outras artes zen, o chá se expandiu no século XV e, em 1489, a primeira peça destinada à cerimônia do chá foi integrada ao pavilhão de prata do shogun Ashikaga, no palácio Yoshimasa, em Kyoto. Ricos mercadores de Sakai, em seguida, adotaram esta cerimônia, respeitando a tradição zen, aperfeiçoada por Rikyu. Ele substituiu os utensílios preciosos por objetos de artesanato domésticos e diminuiu as dimensões da peça do chá. Decidiu, igualmente, que a preparação do chá se realizasse no centro de um círculo formado pelos convidados. Era guiado pela tradição estética zen ou wabi, que significa charme sutil. Graças a Rikyu, o aspecto intelectual e estético da cerimônia do chá cresceu consideravelmente. Rikyu foi o mestre de chá de Oda Nobunaga e de Toyotomi Hideyoshi que organizavam cerimônias faustosas com milhares de convidados. Seus sucessores serviram os shoguns Tokugawa. Praticada pelas classes sociais superiores, a cerimônia do chá era uma instituição nacional no século XVII e, provavelmente, exerceu forte influência sobre o artesanato contemporâneo  cerâmicas particularmente, os famosos vasos Raku, artesanato, pinturas, arte floral, arquitetura e decoração de interiores. Inicialmente espontânea e variada, a cerimônia do chá foi codificada no período Edo (1600-1868). Diversas escolas fixaram variações que foram transmitidas até nossos dias.


A CERIMÔNIA

A cerimônia do chá acontece em um local, chamado chashitsu, construído especialmente para este fim. Geralmente, a edificação fica em um jardim ao qual se chega através de um caminho sinuoso. Os convidados purificam-se em uma pequena pia antes de entrar na casa por uma porta baixa que obriga todos a se curvar. Esta porta simboliza o abandono dos valores hierárquicos terrestres (ver Hierarquia). O cômodo minúsculo, medindo cerca de três metros quadrados, está equipada com um foyer central, desprovido de móveis e em nível mais baixo que o resto do chão. Algumas peças enfeitam o ambiente: um pergaminho preso à parede, um vaso de flores e alguns outros objetos de arte.

Existem muitas escolas modernas de chá. Em algumas delas, uma refeição composta de iguarias da estação precede a cerimônia em si. Habitualmente, os utensílios, muitas vezes antigos e de grande valor, são expostos antes de serem utilizados. O anfitrião faz, em seguida, o aquecimento da água em vasilha especial, em um pequeno forno ou sobre brasas. Verte o chá verde amargo no bule com a ajuda de uma pequena colher, adiciona água e mistura com um bastão de bambu até que a bebida se torne espumosa. Imediatamente, entrega o bule aos convidados que, um após o outro, bebem um gole de chá, enxugam a borda e passam o bule adiante. O anfitrião e seus convidados discutem calmamente e admiram os utensílios e os objetos do ambiente. Após a cerimônia principal, um chá menos espesso acompanha as guloseimas. Terminada a cerimônia, o anfitrião recebe os agradecimentos e despedidas dos convidados.

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