Fazer sexo virtual com gente desconhecida é traição? A internet está forçando jovens casais a repensar as regras da relação e até estabelecer acordos mais permissivos
Se a internet é um ótimo "lugar" para conhecer pessoas para qualquer finalidade, de trocar informações profissionais a conseguir um par para fazer sexo casual , ela é também, descobriu-se depois, um facilitador para a infidelidade, virtual e real. Em um estudo feito na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, foram entrevistados 76 homens e 10 mulheres, todos casados e usuários de salas de bate-papo específicas para comprometidos. Do total, 60 só tinham ficado mesmo na brincadeira pelo computador. Mas 26 já haviam encontrado, ao vivo, a pessoa com quem no início só se relacionava online. E, entre estes que partiram para o corpo-a-corpo, apenas dois não começaram uma relação extraconjugal. Trocando em miúdos, a rede de computadores tem balançado as estruturas das relações estáveis e está forçando os casais a rever valores, repensar as regras para o romance e até estabelecer novos acordos.
Será que fazer sexo pelo computador com gente desconhecida, que nunca se viu nem se pretende conhecer na vida real, deve mesmo ser considerado traição, a ponto de se pensar em uma separação? E deixar um perfil de "solteiro" em um site de relacionamento, ainda que seja por pura diversão, só para ver no que dá? Em uma pesquisa feita com 4.774 mulheres, 51% optaram pelo sim na primeira pergunta, enquanto 49% responderam da mesma forma à segunda. O resultado mostra que ainda não há um consenso em torno dessas questões amorosas e sexuais envolvendo internet: se quase metade considerou que as duas situações são traição, é porque existe uma outra metade que acha que não. Já diante da pergunta se beijar na balada, sem a intenção de depois topar com o casinho por aí, é traição, a turma do sim foi bem mais numerosa: 74%.
Para o psiquiatra Jairo Bouer, que apresenta o "Ao Ponto", programa que discute temas do universo jovem no canal pago Futura, a resposta é: depende até onde se vai, ou seja, depende se a troca fica só no computador ou se acaba se transformando em algo mais concreto. "O uso da internet às vezes se assemelha a um game, nem importa muito quem está do outro lado", diz. "Se for uma brincadeira, acho que não é traição. Mas, se for para um degrau maior, como trocar telefones, aí é, sim."
Por experiência própria, Ana Lúcia de 23 anos, casada com Roberto, desde os 15, quando engravidou, acha que escapadas virtuais são traição, mas não tão graves quanto as reais, embora possam também ferir bastante. Há três meses, depois de bancar a detetive, ela descobriu que o marido usava um e-mail alternativo com a identidade de "gato dotado" para participar de brincadeiras sexuais via internet. "Certa vez, ele ligou o computador na minha frente e o tal e-mail apareceu no programa de troca de mensagens. Perguntei o que era e ele me falou que era de um amigo gay do escritório", conta. Desconfiada, Ana decidiu levantar melhor a história. "No outro dia, esperei o Roberto sair para trabalhar e invadi o e-mail dele. Descobri uma lista de sites de sacanagem, muita pornografia e mensagens que mostravam que ele fazia sexo virtual com desconhecidas."
Ana conta que Roberto jurou nunca ter encontrado com nenhuma daquelas mulheres e prometeu que as infidelidades virtuais não se repetiriam. Ela o perdoou. Mas ainda hoje se sente magoada e acha que a confiança entre eles ficou abalada. "Me pergunto por que isso aconteceu. Será que deixei de fazer algo, a ponto de ele procurar outro meio de se satisfazer sexualmente? Às vezes, eu queria transar e era ele quem não queria."
"É difícil dizer por que as pessoas traem", afirma o psiquiatra Bouer. Segundo ele, há três possíveis razões: desgaste no relacionamento, curiosidade de viver outras experiências e dificuldade em manter compromisso e ser fiel. Para Penélope Nova, apresentadora do programa "Ponto Pê", na MTV, no qual tira dúvidas de telespectadores sobre sexo e relacionamento, homens e mulheres traem por motivos diferentes. "A infidelidade masculina comprova a natureza do 'macho caçador'. A feminina acontece porque as mulheres buscam fora o que não encontram mais em casa, como paixão, sedução, tesão. O homem trai porque trai, não precisa desse estímulo."
Na opinião da enfermeira Fabiana, de 23 anos, ficar só na balbúrdia virtual não é traição. É uma distração, que deve ser liberada para os dois. Solteira e agora sem namorado, ela já teve um relacionamento no qual amizade colorida pelo computador e sexo virtual eram permitidos. "Eu tinha meus papos quentes online e ele, os dele. Às vezes fazíamos isso juntos, inclusive usando uma webcam apontada para os genitais dele", conta. "Nunca houve ciúme, mas nunca saímos do virtual, apesar das oportunidades."
Se a internet é um ótimo "lugar" para conhecer pessoas para qualquer finalidade, de trocar informações profissionais a conseguir um par para fazer sexo casual , ela é também, descobriu-se depois, um facilitador para a infidelidade, virtual e real. Em um estudo feito na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, foram entrevistados 76 homens e 10 mulheres, todos casados e usuários de salas de bate-papo específicas para comprometidos. Do total, 60 só tinham ficado mesmo na brincadeira pelo computador. Mas 26 já haviam encontrado, ao vivo, a pessoa com quem no início só se relacionava online. E, entre estes que partiram para o corpo-a-corpo, apenas dois não começaram uma relação extraconjugal. Trocando em miúdos, a rede de computadores tem balançado as estruturas das relações estáveis e está forçando os casais a rever valores, repensar as regras para o romance e até estabelecer novos acordos.
Será que fazer sexo pelo computador com gente desconhecida, que nunca se viu nem se pretende conhecer na vida real, deve mesmo ser considerado traição, a ponto de se pensar em uma separação? E deixar um perfil de "solteiro" em um site de relacionamento, ainda que seja por pura diversão, só para ver no que dá? Em uma pesquisa feita com 4.774 mulheres, 51% optaram pelo sim na primeira pergunta, enquanto 49% responderam da mesma forma à segunda. O resultado mostra que ainda não há um consenso em torno dessas questões amorosas e sexuais envolvendo internet: se quase metade considerou que as duas situações são traição, é porque existe uma outra metade que acha que não. Já diante da pergunta se beijar na balada, sem a intenção de depois topar com o casinho por aí, é traição, a turma do sim foi bem mais numerosa: 74%.
Para o psiquiatra Jairo Bouer, que apresenta o "Ao Ponto", programa que discute temas do universo jovem no canal pago Futura, a resposta é: depende até onde se vai, ou seja, depende se a troca fica só no computador ou se acaba se transformando em algo mais concreto. "O uso da internet às vezes se assemelha a um game, nem importa muito quem está do outro lado", diz. "Se for uma brincadeira, acho que não é traição. Mas, se for para um degrau maior, como trocar telefones, aí é, sim."
Por experiência própria, Ana Lúcia de 23 anos, casada com Roberto, desde os 15, quando engravidou, acha que escapadas virtuais são traição, mas não tão graves quanto as reais, embora possam também ferir bastante. Há três meses, depois de bancar a detetive, ela descobriu que o marido usava um e-mail alternativo com a identidade de "gato dotado" para participar de brincadeiras sexuais via internet. "Certa vez, ele ligou o computador na minha frente e o tal e-mail apareceu no programa de troca de mensagens. Perguntei o que era e ele me falou que era de um amigo gay do escritório", conta. Desconfiada, Ana decidiu levantar melhor a história. "No outro dia, esperei o Roberto sair para trabalhar e invadi o e-mail dele. Descobri uma lista de sites de sacanagem, muita pornografia e mensagens que mostravam que ele fazia sexo virtual com desconhecidas."
Ana conta que Roberto jurou nunca ter encontrado com nenhuma daquelas mulheres e prometeu que as infidelidades virtuais não se repetiriam. Ela o perdoou. Mas ainda hoje se sente magoada e acha que a confiança entre eles ficou abalada. "Me pergunto por que isso aconteceu. Será que deixei de fazer algo, a ponto de ele procurar outro meio de se satisfazer sexualmente? Às vezes, eu queria transar e era ele quem não queria."
"É difícil dizer por que as pessoas traem", afirma o psiquiatra Bouer. Segundo ele, há três possíveis razões: desgaste no relacionamento, curiosidade de viver outras experiências e dificuldade em manter compromisso e ser fiel. Para Penélope Nova, apresentadora do programa "Ponto Pê", na MTV, no qual tira dúvidas de telespectadores sobre sexo e relacionamento, homens e mulheres traem por motivos diferentes. "A infidelidade masculina comprova a natureza do 'macho caçador'. A feminina acontece porque as mulheres buscam fora o que não encontram mais em casa, como paixão, sedução, tesão. O homem trai porque trai, não precisa desse estímulo."
Na opinião da enfermeira Fabiana, de 23 anos, ficar só na balbúrdia virtual não é traição. É uma distração, que deve ser liberada para os dois. Solteira e agora sem namorado, ela já teve um relacionamento no qual amizade colorida pelo computador e sexo virtual eram permitidos. "Eu tinha meus papos quentes online e ele, os dele. Às vezes fazíamos isso juntos, inclusive usando uma webcam apontada para os genitais dele", conta. "Nunca houve ciúme, mas nunca saímos do virtual, apesar das oportunidades."
Comentários