A descoberta de um crânio no jardim da casa de um famoso apresentador de TV britânico ajudou a solucionar um mistério que já durava mais de 130 anos.
Após seis meses de investigações, a polícia de Londres anunciou que o crânio encontrado durante uma reforma na casa de David Attenborough, especialista em natureza que narra e apresenta diversos documentários da BBC, pertence à vítima de um crime que ficou conhecido como o "mistério de Barnes", na Era Vitoriana.
Foi necessário usar as mais modernas técnicas forenses para confirmar que a cabeça cortada era de Julia Martha Thomas, assassinada pela própria empregada, Kate Webster, em 1879.
Webster foi condenada pelo crime em seguida e enforcada, mas a cabeça da vítima nunca havia sido encontrada.
Detalhes do crime
O crime ficou famoso na época por causa dos detalhes macabros que foram revelados perante o tribunal.
Thomas, uma viúva de 55 anos, contratou Webster, de 29, como sua empregada em 1879. Webster já havia sido condenada por roubo e fraude anteriormente e a relação entre as duas mulheres teria ficado tensa por causa do alcoolismo da empregada.
Segundo os detalhes revelados durante o julgamento, no dia 2 de março daquele ano, a patroa havia voltado da missa de domingo e elas tiveram uma discussão. Bêbada, Webster empurrou a patroa escada abaixo e a estrangulou.
Então, usando uma faca de cozinha, uma lâmina e um serrote de carne, ela desmembrou o corpo e ferveu as partes, oferecendo a "sopa" a crianças locais como caldo de toucinho.
Testemunhas teriam falado do "forte fedor" vindo da casa.
Os demais restos mortais de Thomas foram colocados em uma caixa de madeira e jogados no rio Tâmisa, mas a cabeça e um dos pés não couberam. Webster teria então jogado o pé em um terreno próximo e enterrado a cabeça no jardim da casa de Thomas.
Dias depois do crime, a caixa contendo "um grande volume de carne branca" foi encontrada sob a ponte de Barnes, o que rendeu ao caso o nome de "mistério de Barnes".
Condenação
Depois do assassinato, Webster assumiu a identidade da patroa e levou o dinheiro e as joias da viúva com ela. Em julho do mesmo ano, ela foi condenada pelo crime e enforcada, mesmo sem ter sido possível fazer uma identificação formal da vítima, já que a cabeça não foi encontrada.
A conclusão do mistério só veio mais de 130 anos depois, com a descoberta do crânio durante uma obra de ampliação da casa do apresentador David Attenborough.
Depois do inquérito, a análise do crânio concluiu que Thomas morreu por asfixia e pancadas na cabeça.
"Este é um caso fascinante e um bom exemplo de como um trabalho de detetive à moda antiga, registros históricos e avanços tecnológicos foram usados em conjunto para resolver o 'mistério de Barnes'", disse Clive Chalk, superintendente de polícia de Richmond, no sul de Londres.
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