Na época da ditadura militar, que durou vinte e um anos (1964-1985), a aposta na lavagem cerebral direcionada aos jovens no espaço escolar tinha como referência as disciplinas conhecidas como Educação Moral e Cívica (EMC) e Estudos de Problemas Brasileiros (EPB), obrigatórias respectivamente no ensino médio e nas universidades.
Lavagem cerebral escolar em adolescentes e jovens adultos, diferentemente de doutrinação em crianças, costuma gerar efeito contrário ao longo do tempo. Felizmente o início de uma juventude saudável é ser naturalmente contra o status quo, sobretudo se o status quo tende a se apresentar como um ditado monocromático.
Dito e feito. Longe de convencer alguém, as arengas escolares promovidas por EMC e EPB acabaram gerando solene antipatia nos alunos daquela geração, nela incluído este autor que vos fala. Ninguém se lembra seriamente nem das aulas nem dos livros que eram obrigatórios naquelas asfixiantes disciplinas. No meu caso, lembro-me que eram as aulas que eu matava com frequência ou em que era posto para fora de sala!
É verdade que existiam uns poucos professores bem-intencionados que tentavam usar aqueles espaços para levar ao aluno algo crítico e não a propaganda enganosa do "Brasil Grande" dos milicos. Mas isso era a exceção e não a regra.
O professor Fernando Schuler, Ph.D. em Filosofia (UFRGS), colunista em ÉPOCA, publicou um excelente artigo que mostra de forma exemplar como os donos do poder atual, gestores do status quo lulopetista, também promovem em nosso tempo sua versão de tentativa de lavagem cerebral ideológica.
O artigo do professor Schuler documenta e desnuda uma arenga à esquerda promovida nas escolas, rasa e eivada de chavões pretensamente PC (politicamente correta), imposta aos jovens através de livros-textos adotados e comprados aos milhões com o dinheiro do contribuinte.
Esses livros-texto são produto de uma bilionária indústria editorial em funcionamento ao longo dos últimos 14 anos com a parceria do Estado com autores e editores que se tornaram os chapa-branca da vez e que seguem mamando uma grana alta das tetas do governo.
Infelizmente, a maior parte das editoras, da mesma forma que as empreiteiras, tornaram-se dependentes da compra de governo. Só para se ter uma ideia, são vendidos algo entorno de 430 milhões de livros por ano no Brasil, sendo que o governo compra quase metade disso.
Apenas no ano de 2012, quando o senso comum ainda não era capaz de reconhecer que a farra ia acabar, foram gastos somente pelo governo federal mais de R$ 1 bilhão para garantir que os mais de 42 milhões de estudantes da rede pública de ensino básico do país recebessem gratuitamente, obras didáticas para usar em salas de aula este ano.
O professor Schuler alerta em seu artigo que, se depender dos livros didáticos nacionais, os jovens terão uma visão rudimentar, de um mundo dividido entre "capitalistas malvados versus 'heróis da resistência'".
Mas eu sou otimista. Os anticorpos da juventude certamente vão funcionar e transformar em caricatura e piada essa xaropada toda.
Esses livros-textos da era lulopetista farão parte do anedotário das gerações futuras da mesma forma como Educação Moral e Cívica se transformou em "Moral e Cínica". E isso vai ser feito nos anos à frente exatamente pela geração que sofreu com essa chatice toda imposta nas escolas. O que me preocupa para valer é essa coisa de ver adultos comprando livros de colorir...
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