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De Rod Stewart a Adele: gringos que foram acusados de copiar brasileiros

 O caso da quadrinista brasileira que viu indícios de plágio de sua obra na série "1899", da Netflix, não é o primeiro.

Tanto no mundo dos filmes e séries quanto na música e na literatura, outros gringos já foram acusados de copiarem brasileiros — Rod Stewart, por exemplo, já até admitiu que o hit "Da Ya Think I'm Sexy?" tem notas iguais a "Taj Mahal", de Jorge Ben Jor. Confira outros casos que ficaram famosos.

Adele e Martinho da Vila

No ano passado, o cantor e compositor Toninho Geraes acusou a cantora Adele de plágio após ver semelhanças entre a melodia da música "A Million Years Ago" (2015) e "Mulheres" (1995), que ele escreveu e ficou famosa na voz de Martinho da Vila.

Ele enviou notificações à cantora e também à gravadora XL Recordings e ao produtor da música de Adele, Greg Kurstin. Sem resposta, anunciou que levaria o caso à Justiça.

Toninho Geraes diz que não acompanha a carreira de Adele e só tomou conhecimento do caso no final do ano passado, quando Misael da Hora, filho de Rildo Hora, arranjador de "Mulheres", ouviu a música em uma festa e desconfiou que seria uma versão da original de 1995. Ao ver que o nome de Toninho não constava nos créditos, Misael o avisou e Toninho acionou seu advogado.

"Assim, foi imediato. Pá. Confesso que me pegou de surpresa. Eu não achei nem que se tratasse de um plágio. Por Deus. Achei que era a mesma música com uma versão em inglês. Quando eu descobri que não tinha o nome do Toninho, eu fiquei estupefato", disse Misael em entrevista ao Fantástico.

Ouça as músicas:

Rod Stewart e Jorge Ben Jor

Jorge Ben Jor acusou Rod Stewart de plágio em 1979, após notar semelhanças entre "Da Ya Think I'm Sexy?" (1978) e "Taj Mahal" (1972). Em sua biografia, publicada em 2012, o irlandês admitiu a cópia:

"Certo. Tive que dar a mão à palmatória. Mas claro que não cheguei no estúdio e falei: 'Vamos usar a melodia de Taj Mahal no refrão e azar. O compositor mora no Brasil, então nunca descobrirá'. Só que eu tinha ido pro carnaval do Rio, em 1978, com Elton John e Freddie Mercury. E lá duas coisas significativas me aconteceram. Me apaixonei por uma estrela de cinema brasileira lésbica, que não deixava me aproximar dela. Depois, 'Taj Mahal', de Ben Jor tocava o tempo inteiro, foi relançada naquele ano, e obviamente a melodia alojou-se na minha memória, e emergiu quando comecei fazer a música. Puro e simples plágio inconsciente. Abri mão dos royalties, me perguntando se 'Da Ya Think I'm Sexy?' era meio amaldiçoada."

Mesmo assim, Jorge Ben não recebeu um centavo de Rod Stewart, que quando soube do processo decidiu doar todos os lucros da canção para o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O brasileiro desistiu do processo e até hoje não está creditado entre os compositores da música. Ouça as músicas:

Black Eyed Peas e Jorge Ben Jor

Em 1999, Jorge Ben Jor processou o grupo Black Eyed Peas por plágio em três músicas: "Falling Up", que tem um sample não autorizado de "Comanche", "Positivity", com um trecho de "Cinco Minutos", e "A8", que copia "O Homem da Gravata Florida". Na época, em entrevista à Folha de S. Paulo, ele afirmou: "Eles cantarolam "O Homem da Gravata Florida" nessa faixa na cara dura".

"O Rod se safou, mas dessa vez eu não vou deixar barato", disse Ben Jor na ocasião. E não deixou mesmo: ele foi creditado nas três canções.

'As Aventuras de Pi' e Moacyr Scliar

O filme "As Aventuras de Pi" (2012), vencedor de quatro Oscars, é baseado no livro "A Vida de Pi", de Yann Martel. A obra, por sua vez, é baseada no livro "Max e os Felinos", do gaúcho Moacyr Scliar.

No livro canadense, uma criança indiana fica presa num bote com um tigre após um naufrágio. No brasileiro, trata-se de um menino judeu que fica preso num bote com uma onça.

Em 2002, quando o livro canadense ganhou o prêmio Booker — um dos mais importantes da literatura —, o jornal britânico The Guardian apontou a semelhança numa matéria intitulada "Vencedor do Booker está envolvido em disputa por plágio".

Procurado pela publicação, Yann Martel admitiu ter se inspirado na história de Moacyr Scliar: "Eu vi uma premissa de que gostei e contei a minha própria história com ela. Eu não acho que fiz algo desonesto".

Moacyr afirmou: "De certa forma, me sinto lisonjeado por outro autor ter considerado minha ideia tão boa. Por outro lado, ele usou essa ideia sem me consultar, sem nem me informar. Uma ideia é propriedade intelectual. Eu não quero brigar, mas não sou o único dono do livro. Os meus editores estão consultando seus advogados e examinando as opções jurídicas. Mas não vou transformar isso numa cruzada".

No fim, Yann Martel incluiu um agradecimento a Moacyr Scliar no livro, e o autor brasileiro desistiu do processo.

Black Sabbath e Vanusa

Aqui, não é a autora da música quem aponta a semelhança suspeita, mas os seus fãs! Em 1973, Vanusa lançou o quarto álbum de sua carreira, com uma faixa em inglês chamada "What To Do". Meses depois, o Black Sabbath lançou o álbum "Sabbath Bloody Sabbath", com um riff de guitarra muito similar ao da música brasileira.

E não para por aí! O álbum foi lançado num período em que Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath, passava por um bloqueio criativo. Dizem os boatos que, com medo de não conseguir mais escrever, ele pediu que a equipe de produtores encontrasse músicas que servissem de inspiração em "outras culturas". Nessa pilha de referências entregues ao músico, dizem as teorias, estaria o quarto álbum da Vanusa.

Essa parte pode ser especulação, mas o baixista Geezer Butler já contou que esse riff salvou a banda:

Quase pensamos que estávamos acabados como banda, até que Tony apareceu com o riff de 'Sabbath Bloody Sabbath'. Geezer Butler em entrevista de 2011

Vanusa, no entanto, não quis briga. Questionada sobre o assunto em 2016, deixou o assunto de lado citando "coincidências musicais".

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