dono de um dos podcasts mais ouvidos do mundo, o The Joe Rogan Experience, está no centro de debates envolvendo desinformação digital durante a pandemia. Recentemente, o músico Neil Young anunciou a retirada de suas músicas do serviço de streaming Spotify caso a atração de Rogan fosse mantida na plataforma - no que foi seguido por Joni Mitchell.
O tema veio à tona após centenas de cientistas, professores e especialistas em saúde pública solicitarem ao Spotify a retirada de um episódio do The Joe Rogan Experience de 31 de dezembro de 2021, que apresentava o Dr. Robert Malone, especialista em doenças infecciosas, que, segundo eles, teria promovido "várias falsidades sobre as vacinas contra a covid-19".
Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos também já alegou que afirmações feitas por Rogan eram "incorretas" ao longo da pandemia - entre elas, a crítica à obrigatoriedade da vacina ou a promoção de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.
Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a elogiar a postura do músico contra o podcast: "Neil Young, obrigado por se colocar contra a desinformação e inacurácias sobre a vacinação contra Covid-19".
Quem é Joe Rogan
Antes de se lançar no mundo dos podcasts, Joe Rogan era conhecido no meio da comédia e das artes marciais nos Estados Unidos, fazendo shows de stand-up nos anos 1990 e 2000, inspirado por Richard Pryor (1940-2005), e trabalhando como entrevistador e comentarista de lutas do UFC.
Em 23 de dezembro de 2009, disponibilizou o primeiro episódio do The Joe Rogan Experience. Na estreia, conversou com o colega Brian Redban, frequente no programa nos meses seguintes, assim como outros humoristas, como Ari Shaffir e Eddie Bravo. Outros nomes de mais peso passaram a figurar na atração, como a comediante Amy Schumer e Dana White, presidente do UFC.
O podcast, então, ultrapassou o humor e a luta, e hoje já passaram por lá figuras conhecidas do grande público como o cineasta Quentin Tarantino, a cantora Demi Lovato e o empresário Elon Musk.
Entre as milhares de horas disponíveis do acervo do podcast, entre muitas conversas e momentos bem-humorados, há também alguns que chamaram atenção de forma negativa, como a ocasião em que usou um termo racista que os norte-americanos costumam se referir como "the 'N' word" ("a palavra com 'N'") e a ocasião em que fez duras críticas à presenta de atletas trans na luta feminina.
Joe Rogan também estrelou dois especiais de stand-up disponíveis na Netflix, Joe Rogan: Strange Times (2018) e Joe Rogan: Triggered (2016), ambos com pouco mais de uma hora de duração.
Em 2020, firmou um contrato de exclusividade da íntegra de seus programas ao Spotify (especula-se que o valor chege a centena de milhões de dólares e dure por muitos anos). À época, contava com cerca de 190 milhões de downloads por mês, sendo chamado de "rei dos podcasts" pelo The New York Times. Em apenas 23 minutos, o Spotify ganhou US$ 1,7 bilhão em sua estimativa do valor de mercado por conta do anúncio.
Os fãs de podcasts brasileiros provavelmente já se depararam com alguma influência de Rogan. No Flow Podcast, um dos principais do País, os entrevistadores Igor e Monark já citaram inúmeras vezes a importância do norte-americano em seu estilo. Rafinha Bastos - já entrevistado no The Joe Rogan Experience - que comanda o Mais Que 8 Minutos, também já fez elogios ao humorista.
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